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segunda-feira, 14 de maio de 2012

A menina, o cachorro e uma nova forma de ver o mundo


Esta semana ao andar na rua para ir até o colégio de minha irmã, uma cena no mínimo interessante se deu a poucos passos de mim. Na calçada em que eu caminhava, praticamente ao meu lado, uma menina passeava com seu cachorro. Isso seria algo comum e rotineiro se não fosse pelos inúmeros detalhes impressos nesta pequena e comum situação.
            A menina em questão não tinha mais que seus 10 anos, negra, com as roupas surradas e os pés descalços. O cão estava preso em uma corrente enferrujada e assim como sua dona trazia em si todos os índices de sua precária condição social. Era um vira-lata na cor caramelo e sem uma das patas traseiras.
            Contudo, não foi com um olhar de pena ou de compadecimento que observei a situação que se desenrolava a minha frente. Não foi a humildade e a precariedade tanto da menina quanto de seu cachorro que me chamaram a atenção, e sim a felicidade estampada no olhar de ambos os personagens da cena.
            Da mesma maneira que estamos cansados de ver em cenas de novelas e filmes, a menina passeava com seu cachorro, orgulhosa, sua postura altiva para sua pouca idade evidenciava o quando ela se sentia importante por ter um cachorro para passear, imitando conscientemente ou não a mesma cena que ela vê centenas de vezes em sua televisão. E enquanto caminhava, olhava para as pessoas com o se dissesse “Olha, estou aqui e sou tão importante quanto você!”
            O vira-lata de cor caramelo não poderia estar mais feliz, mesmo com apenas suas três patas vinha um pouco à frente de sua pequena dona, forçando a corrente, louco para descobrir um mundo desconhecido para ele.
            Tal cena me marcou tanto que foi impossível não transformá-la em um pequeno texto. E mais do que curiosidade, esta cena nos leva a uma série de reflexões. Mas confesso que peguei a mim mesma me colocando na situação da menina. Quantas e quantas vezes tentamos imitar ou mesmo ser um rascunho daquilo que consideramos perfeitos para ser aceito, para dizer “Olha, eu estou aqui e também sou importante!”

3 comentários:

  1. Gostei muito do texto, amiga! Essas cenas do dia-a-dia acabam ganhando uma importância na nossa vida que nem imaginamos...

    PS.: Tentei incluir te incluir na lista do que leio lá no meu blog e não consegui :( O link não entra certinho... você fez alguma restrição quanto a isso?

    Beijos!

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    1. Não fiz nenhuma restrição não, amiga. Depois vou ver isso. Mil bjks e obrigada por ler o blog.

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